sábado, 16 de fevereiro de 2013

Relatório de Viagem: “Visita Monitorada aos Engenhos São Felix e Dira, e às Fazendas Camaçari e Santa Cruz, no Estado de Sergipe”


  Mayara Oliveira de Jesus  
Graduanda em Licenciatura em História na UFS
mayaracanhotinha@hotmail.com



No dia 09 de março de 2013, os alunos do curso de História da disciplina Temas de História de Sergipe II da Universidade Federal de Sergipe, juntamente com o professor Antônio Lindvaldo e outros convidados, se dirigiram à alguns engenhos do estado de Sergipe para conhecer mais a cerca de como a sociedade sergipana da época vivia no período de maior força da cana de açúcar. Os engenhos visitados pela turma foram: engenho São Félix localizado em Santa Luzia do Itanhy, a Fazenda Camaçari e o Engenho Dira localizados no município de Itaporanga e por fim uma visita feita a casa de Dona Baby.  

Alunos do curso de História da Universidade Federal de Sergipe

O ônibus saiu de Aracaju às 6:30 da manhã, chegando ás 8:00 horas ao nosso primeiro destino, o engenho São Felix localizado em Santa Luzia do Itanhy. Ao chegarmos nesse primeiro engenho, tivemos uma aula com professor Antônio Lindvaldo que nos explicou um pouco sobre a história do Engenho São Feliz e como ele foi importante dentro do período do auge da cana de açúcar no fim do século XVIII e início do século XIX para o estado de Sergipe. 

Área externa do engenho São Felix

Esse engenho antes de ser conhecido como São Félix obteve outros nomes tais como "Tuntum" e "Mata de São Félix", provavelmente o nome atual do engenho tenha relação com um capitão-mor de nome Félix da Rosa. O engenho São Félix no auge de sua produção, trabalhava com o cultivo de cana de açúcar e precisava de mão de obra escrava e da utilização do gado para a realização dessa produção. 

Área externa do engenho São Félix

No interior da casa, pode-se perceber como os móveis e a estrutura da mesma possuem um aspecto  em certa parte colonial, onde só de olhar nos remete à um período histórico diferente principalmente se observarmos os quadros e móveis. Porém, é importante perceber que em meio a está estrutura antiga há também muitos elementos que não fazem parte da época colonial ou seja, tem um caráter mais atual. Nesse contexto, vemos uma casa que consegue resgatar uma história a partir do seu aspecto material mesmo envolvido em um cenário muitas vezes moderno.


Quadros pertencentes a casa grande


Vasos que pertencem a casa grande 

Parte interna da casa grande


Após a visita ao engenho São Félix, partimos ao Engenho Camaçari localizado no município de Itaporanga D´Ajuda, onde pudemos acompanhar a palestra do prof. Samuel Barros de Medeiros, sobre como foi importante  a atuação desse e de outros engenhos na produção de açúcar no século XIX para o estado de Sergipe.

Professor Samuel Barros de Medeiros


O Professor Samuel nos explica que anteriormente, a fazenda Camaçari era um engenho e que a partir do quadro de decadência da produção de cana de açúcar é que o engenho se torna uma fazenda. O professor embasado em registros nos conta que José Ribeiro Losano foi o proprietário do engenho no início do século XIX e que após algumas décadas, esse engenho viria a pertencer ao futuro Barão de Itaporanga o senhor Domingos Dias Coelho e Mello, onde atualmente o engenho ainda permanece em posse dessa família.

Parte externa da fazenda Camaçari

Capela pertencente à fazenda Camaçari
Parte interna da fazenda Camaçari

Parte interna da Capela 

Depois da visita a fazenda Camaçari, fizemos uma parada para o almoço ainda no município de Itaporanga D' Ajuda e logo em seguida partimos para à Fazenda Dira que se encontra no município de São Cristóvão.  A partir da fala do professor Antônio Lindvaldo pudemos conhecer os primeiros donos da fazenda que são o senhor Antonio Teles de Menezes que após sua morte deixa por cargo de sua esposa a senhora Lourença de joão sobral Luiz a administração da fazenda. Atualmente, a fazenda Dira  está sobre tutela do grupo  Maratá que mantém o local preservado.

Parte externa da Fazenda Dira


A fazenda Dira possui uma capela do Senhor do Bonfim que foi construída no século XVIII, onde sua estrutura nos remete ao período colonial. O professor Antônio Lindvaldo nos chama a atenção para como a estrutura da capela tem elementos singulares e faz dela um lugar de muita importância no que tange não só a história da fazenda como também da religiosidade que pode ser vista tanto em seu exterior e principalmente em seu interior.

Interior da Capela Senhor do bonfim



Parte externa da Capela Senhor do bonfim


Nossa última parada aconteceu na Fazenda Santa Cruz de Bragança que fica localizada no município de Laranjeiras. Essa Fazenda é uma construção do século XVIII, e teve inicialmente como proprietários a família Bragança. 

Parte exterior da Fazenda Santa Cruz


No interior da casa pudemos observar os inúmeros objetos que fizeram parte do antigo engenho Pedras, onde Dona Baby morou  nos anos de 1969 à 1971. Aprendemos um pouco mais sobre essa fazenda a partir da apresentação da mestranda no curso de História  Priscila que nos contou a respeito tanto da família Bragança, como também das mobílias que se encontram no interior da casa.

Parte interna da Fazenda Santa Cruz


mobília pertencente a fazenda Santa Cruz



parte interior da fazenda Santa Cruz


Considerações finais

Esta viagem foi de vital importância para termos contato direto com a história de Sergipe na época da produção da cana de açúcar, como também para percebermos o quanto é importante a preservação material para o fazer história. Outro ponto importante que essa viagem nos proporcionou foi conhecer o interior das casas e entender um pouco mais sobre como aconteciam os processos dentro da época colonial.
Enfim, o ponto primordial dessa viagem certamente foi entendermos como esses engenhos fazem parte da memória de uma época de um povo.  









II Ciclo de Estudos o Sertão tem Histórias: Religiosidade, Mitos e Tradições Sertanejas



A viagem que ocorreu nos dias 26 e 27 de janeiro de 2013, II Ciclo de Estudos o Sertão tem Histórias: Religiosidade, Mitos e Tradições Sertanejassob a orientação do professor Antônio Lindvaldo vem com a perspectiva de apresentar alguns elementos da cultura sertaneja encontrada nos municípios de Nossa Senhora das Dores, Nossa Senhora da Glória, Monte Alegre e Poço Redondo.





Alunos de História e professores



           

Assim que chegamos em Nossa Senhora das Dores, nos reunimos para tomar café da manhã no restaurante rota do cangaço e em seguida, fomos conhecer a Igreja matriz (figura 1) que leva o nome da cidade onde aprendemos um pouco de sua  história.




figura 1. Igreja Matriz Nossa Senhora das Dores




Após conhecermos a Igreja Nossa Senhora das Dores, assistimos uma aula ministrada pela professora Marineide (figura 2) que nos apresentou através do seu trabalho monográfico a religiosidade do grupo dos penitentes de Nossa Senhora das Dores.




figura 2. Professora Marineide
          


 Dando sequência a fala da professora acima citada, tivemos a apresentação dos penitentes (figura 3) onde  nos foi possível conhecer suas indumentárias, preces, entre outros, entendendo assim como  se é realizada essa prática.


                  

figura 3. Penitentes
               





 Além da aula da professora Marineide, tivemos a apresentação do professor João Paulo (figura 4) que nos falou um pouco sobre a história da Igreja de Nossa Senhora das Dores e algumas festas religiosas que acontecem na cidade à exemplo de: Senhor Morto, Procissão do Madeiro.



          
figura 4. Professor João Paulo





 Após o encerramento das atividades na cidade de Nossa Senhora da Dores, pegamos estrada até Nossa Senhora da Glória onde nos alojamos e tivemos a realização de um sarau ao qual se iniciou com a fala do professor Antônio Lindvaldo (figura 5 ) que nos explicou como se deu a construção do mito do lobisomem João Valentim.






figura 5. Professor Antônio Lindvaldo






Dando seguimento ao evento, tivemos uma aula com o professor Uilder Celestino (figura 6) que nos falou um pouco sobre a vida de Cicero Alves do Santos (Veio) nos  mostrando algumas obras feitas por esse artista plástico que  através de esculturas feitas de madeira representa a vida do sertanejo.

              



figura 6. Professor Uilder Celestino


      


                
 Ao final da fala do professor Uilder Celestino, assistimos à apresentações de: uma dupla de repentistas/aboiadores (figura A),  Ygo Ferro (figura B) e de um trio pé de serra (figura C).



figura A. Repentistas/Aboiadores

figura B. Ygo Ferro e Madson

figura C. trio pé de serra




No dia 27 de janeiro, fomos á Monte Alegre onde conhecemos o senhor Cícero (figura 8) que nos falou um pouco mais sobre a vida de João Valentim. Cícero nos apresentou à alguns amigos do lobisomem o professor Eloy (figura 7) e Brío (figura 8) e também a casa onde este mito viveu.






                                                              figura 7.  professor Eloy




                                                               figura 8. Cícero e Brío



 Antes de nos despedirmos de Monte Alegre fizemos uma visita ao cemitério  (figura 9) onde estava enterrado o lobisomem mal.




                                       figura 9. cemitério da cidade de Monte Alegre








 Após a visita ao cemitério, nos dirigimos ao povoado de Sítios Novos em Poço Redondo onde acompanhamos uma apresentação da Cavalhada (figura 10) e aprendemos um pouco mais  dessa manifestação cultural que representa a  luta entre mouros e cristãos. 







                                                   figura 10.  Saudação da Cavalhada








figura 10. apresentação da cavalhada







                                                             Banda de Pífano





Considerações Finais

Essa viagem ao sertão foi muito importante porque nos deu a oportunidade de aprender na prática um pouco mais sobre a história do nosso Estado, nesse contexto, entendo melhor a cultura sertaneja e suas práticas religiosas, míticas, danças, artes entre outros.
O exercício dessa viagem, despertou nosso desejo de valorizar cada vez mais diferentes culturas a fim de manter sempre viva a memória de um povo.